Mensagem de André Luiz
A vida não cessa. A vida é fonte eterna e a morte é jogo escuro das ilusões.
Amigo de Xico Conta Historias de 50 anos. Arnaldo Rocha era Materialista.
Veja:
O grande rio tem seu trajeto, antes do mar imenso.
Copiando-lhe a expressão, a alma percorre igualmente caminhos variados e etapas diversas, também recebe afluentes de conhecimentos, aqui e ali, avoluma-se em expressão e purifica-se em qualidade, antes de encontrar o Oceano Eterno da Sabedoria.
Cerrar os olhos carnais constitui operação demasiadamente simples.
Permutar a roupagem física não decide o problema fundamental da iluminação, como a troca de vestidos nada tem que ver com as soluções profundas do destino e do ser.
Oh! caminhos das almas, misteriosos caminhos do coração!
É mister percorrer-vos, antes de tentar a suprema equação da Vida Eterna!
É indispensável viver o vosso drama, conhecer-vos detalhe a detalhe, no longo processo do aperfeiçoamento espiritual!…
Seria extremamente infantil a crença de que o simples “baixar do pano” resolvesse transcendentes questões do Infinito.
Uma existência é um ato. Um corpo
– uma veste. Um século – um dia.
Um serviço – uma experiência. Um triunfo
– uma aquisição. Uma morte – um sopro renovador.
Quantas existências, quantos corpos, quantos séculos, quantos serviços, quantos triunfos, quantas mortes necessitamos ainda?
Francisco Cândido Xavier
– Nosso Lar
– pelo Espírito André Luiz
9 E o letrado em filosofia religiosa fala de deliberações finais e posições definitivas!
Ai! por toda parte, os cultos em doutrina e os analfabetos do espírito!
É preciso muito esforço do homem para ingressar na academia do Evangelho do Cristo, ingresso que se verifica, quase sempre, de estranha maneira
– ele só, na companhia do Mestre, efetuando o curso difícil, recebendo lições sem cátedras visíveis e ouvindo vastas dissertações sem palavras articuladas.
Muito longa, portanto, nossa jornada laboriosa.
Nosso esforço pobre quer traduzir apenas uma ideia dessa verdade fundamental.
Grato, pois, meus amigos! Manifestamo-nos, junto a vós outros, no anonimato que obedece à caridade fraternal.
A existência humana apresenta grande maioria de vasos frágeis, que não podem conter ainda toda a verdade.
Aliás, não nos interessaria, agora, senão a experiência profunda, com os seus valores coletivos.
Não atormentaremos alguém com a ideia da eternidade.
Que os vasos se fortaleçam, em primeiro lugar.
Forneceremos, somente, algumas ligeiras notícias ao espírito sequioso dos nossos irmãos na senda de realização espiritual, e que compreendem conosco que “o espírito sopra onde quer”.
E, agora, amigos, que meus agradecimentos se calem no papel, recolhendo-se ao grande silêncio da simpatia e da gratidão. Atração e reconhecimento, amor e júbilo moram na alma.
Crede que guardarei semelhantes valores comigo, a vosso respeito, no santuário do coração.
Que o Senhor nos abençoe.
ANDRÉ LUIZ
Francisco Cândido Xavier
– Nosso Lar
– pelo Espírito André Luiz
Nas Zonas Inferiores Eu guardava a impressão de haver perdido a ideia de tempo.
A noção de espaço esvaíra-se-me de há muito.
Estava convicto de não mais pertencer ao número dos encarnados no mundo e, no entanto, meus pulmões respiravam a longos haustos.
Desde quando me tornara joguete de forças irresistíveis?
Impossível esclarecer. Sentia-me, na verdade, amargurado duende nas grades escuras do horror.
Cabelos eriçados, coração aos saltos, medo terrível senhoreando-me, muita vez gritei como louco, implorei piedade e clamei contra o doloroso desânimo que me subjugava o espírito;
mas, quando o silêncio implacável não me absorvia a voz estentó- rica, lamentos mais comovedores que os meus respondiam-me aos clamores.
Outras vezes gargalhadas sinistras rasgavam a quietude ambiente.
Algum companheiro desconhecido estaria, a meu ver, prisioneiro da loucura.
Formas diabólicas, rostos alvares, expressões animalescas surgiam, de quando em quando, agravando-me o assombro.
A paisagem, quando não totalmente escura, parecia banhada de luz alvacenta, como que amortalhada em neblina espessa, que os raios de Sol aquecessem de muito longe.
E a estranha viagem prosseguia…
Com que fim? Quem o poderia dizer?
Apenas sabia que fugia sempre…
O medo me impelia de roldão.
Onde o lar, a esposa, os filhos?
Perdera toda a noção de rumo.
O receio do ignoto e o pavor da treva absorviam-me todas as faculdades de raciocínio, logo que me desprendera dos últimos laços físicos, em pleno sepulcro! Francisco Cândido Xavier
Atormentava-me a consciência:
preferiria a ausência total da razão, o não-ser.
De início, as lágrimas lavavam-me incessantemente o rosto e apenas, em minutos raros, felicitava-me a bênção do sono. Interrompia-se, porém, bruscamente, a sensação de alívio.
Seres monstruosos acordavam-me, irônicos; era imprescindível fugir deles. Reconhecia, agora, a esfera diferente a erguer-se da poalha do mundo e, todavia, era tarde. Pensamentos angustiosos atritavamme o cérebro.
Mal delineava projetos de solução, incidentes numerosos impeliam-me a considerações estonteantes.
Em momento algum, o problema religioso surgiu tão profundo a meus olhos.
Os princípios puramente filosóficos, políticos e científicos, figuravam-se-me agora extremamente secundários para a vida humana.
Significavam, a meu ver, valioso patrimônio nos planos da Terra, mas urgia reconhecer que a humanidade não se constitui de gerações transitórias e sim de Espíritos eternos, a caminho de gloriosa destinação.
Verificava que alguma coisa permanece acima de toda cogitação meramente intelectual.
Esse algo é a fé, manifestação divina ao homem.
Semelhante análise surgia, contudo, tardiamente.
De fato, conhecia as letras do Velho Testamento e muita vez folheara o Evangelho; entretanto, era forçoso reconhecer que nunca procurara as letras sagradas com a luz do coração.
Identificava-as através da crítica de escritores menos afeitos ao sentimento e à consciência, ou em pleno desacordo com as verdades essenciais. Noutras ocasiões, interpretava-as com o sacerdócio organizado, sem sair jamais do círculo de contradições, onde estacionara voluntariamente.
Em verdade, não fora um criminoso, no meu próprio conceito. A filosofia do imediatismo, porém, absorvera-me.
A existência terrestre, que a morte transformara, não fora assinalada de lances diferentes da craveira comum.
Francisco Cândido Xavier – Nosso Lar – pelo Espírito André Luiz 12 Filho de pais talvez excessivamente generosos, conquistara meus títulos universitários sem maior sacrifício, compartilhara os vícios da mocidade do meu tempo, organizara o lar, conseguira filhos, perseguira situações estáveis que garantissem a tranqüilidade econômica do meu grupo familiar, mas, examinando atentamente a mim mesmo, algo me fazia experimentar a noção de tempo perdido, com a silenciosa acusação da consciência.
Habitara a Terra, gozara-lhe os bens, colhera as bênçãos da vida, mas não lhe retribuíra ceitil do débito enorme.
Tivera pais, cuja generosidade e sacrifícios por mim nunca avaliei; esposa e filhos que prendera, ferozmente, nas teias rijas do egoísmo destruidor.
Possuíra um lar que fechei a todos os que palmilhavam o deserto da angústia.
Deliciara-me com os júbilos da família, esquecido de estender essa bênção divina à imensa família humana, surdo a comezinhos deveres de fraternidade.
Enfim, como a flor de estufa, não suportava agora o clima das realidades eternas.
Não desenvolvera os germes divinos que o Senhor da Vida colocara em minh’alma. Sufocara-os, criminosamente, no desejo incontido de bem estar.
Amigo Chico Xavier Não adestrara órgãos para a vida nova.
Era justo, pois, que aí despertasse à maneira de aleijado que, restituído ao rio infinito da eternidade, não pudesse acompanhar senão compulsoriamente a carreira incessante das águas;
ou como mendigo infeliz, que, exausto em pleno deserto, perambula à mercê de impetuosos tufões.
Oh! amigos da Terra! quantos de vós podereis evitar o caminho da amargura com o preparo dos campos interiores do coração?
Acendei vossas luzes antes de atravessar a grande sombra. Buscai a verdade, antes que a verdade vos surpreenda. Suai agora para não chorardes depois.
Veja
Tomar bebidas alcoólicas atraímos espíritos perturbados?
Desde a mais remota data a humanidade está envolvida com o alcoolismo.