Na sociedade contemporânea o rosto é considerado como um suporte da identidade sendo que, todas as práticas que visam o seu embelezamento se multiplicam.
Pílulas do evangelho – Auto Confiança
Estudos diversos demonstraram que a beleza facial tem um impacto considerável e um papel
primordial sobre a percepção do indivíduo.
As experiências indicam que o facto de ser bonito ou feio influencia inconscientemente as nossas
atitudes, sentimentos e pensamentos.
– Auto Confiança consequências
As consequências originadas pelo “status” instrumental, obtido pela aparência facial, que ergue à
posição de qualificadora ou desqualificadora dos sujeitos, conduzem-nos à reflexão de como a
exigência estética que envolve o dia-a-dia dos grandes centros urbanos, influencia na construção das
identidades das populações submetidas a tal pressão.
Para se compreender o fenómeno de valorização facial e corporal devemos ir mais além, e avaliar
todo um processo de eficácia na conquista da ascensão, seja esta, social, financeira, amorosa,
profissional ou simplesmente um mero “status” pessoal (Matteson, 1972). Neste contexto, os
sujeitos acreditam que por um lado são exactamente o que a sociedade diz que devem ser, e por
outro permanece a crença nos sentimentos, espiritualidade através da qual se impõe a proteção
contra os objetos materiais, sendo que com o excesso de espetacularização da beleza, deixa de
haver espaço para os sentimentos. Como consequências temos as cirurgias estéticas, distúrbios
alimentares e as diversas perturbações de ansiedade como a perturbação de pânico e a fobia social
(Tonelli, 2005).
No conceito da beleza subsiste uma medida atípica que assenta na beleza sustentável, isto é,
quando a ideia de “ser bela” deixa de ser uma persistência na procura do padrão ideal, para se
transformar no “sentir-se bela”, reconhecendo a suas próprias características, aceitando a sua
própria identidade e personalidade, procurando continuamente a saúde e bemestar.
A importância dada às imagens expandiu de certa forma a beleza estética nas suas diversas áreas,
mas no caso da construção da auto-imagem e das relações com os outros, este fenómeno acabou
por afetar profundamente a saúde emocional assim como as relações humanas e sociais.
Sant’Anna
(2003) postula que “toda a aparência constrói significados próprios ao grupo que a constituiu”.
A estética é, desta forma, entendida como marco histórico que participa na criação dos sentidos
que, por sua vez, vão interagindo nas relações humanas firmando as identidades.
A tensão externa, pela influência dos Mídia e dos supostos padrões de beleza, acaba por focar o
sujeito na sua auto-perceção e, inevitavelmente, na sua auto-estima. As relações Gina Maria Gomes
dos Santos – Bem-Estar, Auto-Estima e Auto-Conceito: O que Sentem as Mulheres que se
Maquilham?
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
– Escola de Psicologia e Ciências da Vida 9 atuais entre os indivíduos, estão cada vez mais
momentâneas, sendo que a imagem, isto é, a impressão visual, torna-se um elemento importante
no julgamento e nas interações sociais.
O comportamento é estruturado em redor do que é considerado mais ou menos belo.
Nesta perspetiva a beleza passa a ter um valor social ditando o sucesso ou fracasso, tanto nas
relações interpessoais e sentimentais como profissionais.
Para alguns a maquilhagem é uma via para vencer o opressor poder do que se pretende esconder ou
disfarçar, a melhoria da imagem social e o aumento da auto-estima.
Por outro lado, tem a capacidade de alterar e melhorar a aparência do sujeito, garantindo-lhe o seu
espaço na sociedade.
Nestas situações torna-se importante o acompanhamento psicológico de forma a auxiliar o sujeito
no apuramento da sua auto-estima, aptidões sociais, ajustando o conhecimento de si próprio às
suas motivações, ajudando-o na aceitação de si e no incremento do seu bem-estar como ser
humano (Sato, 2010).
Constante procura Auto Confiança
Assim, a constante procura de reconhecimento social, auto-conceito, auto-estima e bem-estar com a
vida é universal, porque se apresenta como indispensável ao Eu e à unidade psicossomática.
Sentir-se bem «de corpo e alma»
é sinónimo da harmonia, felicidade e boa saúde mental (Andrade, 1987).
Foi precisamente nesta ótica que este estudo foi elaborado, tendo por objetivo compreender o que
sentem as mulheres que se maquilham comparativamente às que não se maquilham.
Se por um lado se tentou verificar as motivações ligadas a este processo de transformação facial, e
realçar alguns detalhes sobre o funcionamento psíquico das mulheres perante este fenómeno, por
outro, e como objeto principal deste estudo, foi de tentar entender se o recurso à maquilhagem
consegue produzir diferentes efeitos no que respeita as variáveis em estudo:
Auto-Estima, Auto-Conceito e Satisfação com a Vida.
A presente dissertação, enquanto trabalho científico e académico, foi desenvolvida no âmbito do 2º
ciclo em Psicologia Clínica e da Saúde, da Escola de Psicologia e Ciências da Vida da Universidade
Lusófona de Humanidades e Tecnologias, está conforme às normas da APA e de acordo com as
normas para a elaboração e apresentação das dissertações de Mestrado, em uso neste
Universidade. A sua organização estrutural assenta em dois capítulos sendo um primeiro de
enquadramento teórico, contendo uma revisão histórica da beleza no tempo e culturas, a
valorização do rosto e do corpo, a imagem pessoal, as representações sociais, a construção da
identidade, e uma revisão sobre vários temas da Psicologia, tais como a Psicologia Positiva e Bem
Estar Subjetivo, Auto-Conceito, Auto-Estima e Satisfação com a Vida. O segundo capítulo aborda o
estudo empírico com a aplicação dos questionários Gina Maria Gomes dos Santos – Bem-Estar,
Auto-Estima e Auto-Conceito: O que Sentem as Mulheres que se Maquilham? __________________________________________________________________________________________ Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – Escola de Psicologia e Ciências da
Vida 10 aferidos para a população portuguesa: Satisfação com a Vida com a escala SLWS –
Satisfaction Whith Life Scale (Simões, 1992), Auto-Estima Global (Faria e Silva, 1999) e Inventário
Clínico de Auto-Conceito (Vaz Serra, 1985), no qual participaram 209 mulheres, das quais 152 se
maquilham e 57 não se maquilham, com idades compreendidas entre 15 e 74 anos.