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O verdadeiro inimigo meu

O verdadeiro inimigo meu

“A maioria das pessoas não sabe que é tão egocêntrica e egoísta quanto na realidade é, e quer aparentar ser altruísta e ter o total domínio de seus apetites e prazeres.

A tendência das pessoas é antes, para esconder tais traços dos outros e de si mesma por trás de uma fachada que as mostre como esperam que os outros a aceitem.”

Murray Stein — O Mapa da Alma, p. 98.

No processo da evolução, não são poucos os indivíduos
que procedem de maneira diversa.

A princípio, desejam a independência, sem mesmo saber o de que se trata, que anelam pela

liberdade que confundem com libertinagem, que anseiam pelo
prazer, que pensam derivar-se do poder, arrojando-se às aventuras
doentias e perturbadoras, em que amadurecem psicologicamente
no calor do sofrimento.

Dão lugar a provações severas como os metais que necessitam do aquecimento para se tornarem plasmáveis e aceitarem
as imposições dos artífices, vivenciando um período angustiante,
para somente então pensarem em voltar para casa.

Recordam-se que, na província de onde vieram, havia
alegria, diferente, é certo, mas júbilo, e desejam fruí-lo, como é
natural.

Enquanto permanecem no gozo desgastante, desperdiçando a herança que conduziam, tudo é frustrante, o desespero é
crescente, as perspectivas são negativas, o que os impele a uma
nova tomada de decisão.

 

Essa não pode ser outra, senão o retorno
à casa, às raízes, a fim de recomeçar e renovar-se.

As províncias do coração humano são muitas e quase


sempre estão sombrias, assinaladas pelo desconhecido, pelo
não vivenciado, que favorecem as fantasias exclusivas do prazer
e do gozo.

Em Busca da Verdade

Toda província, no entanto, por melhor, por pior que seja,
possui diversificadas paisagens que aguardam a contribuição
daqueles que as habitam.

Numas é necessário remover o lodo
acumulado, cavando valas para extravasar a podridão, enquanto
que, noutras, alargam-se os horizontes para que mais brilhe o
Sol da beleza e da estesia.

Esse país longínquo, olhado desde o mundo causal pode
ser a Terra, para onde vêm os Espíritos com os bens herdados


do Pai, a fim de desenvolverem os mecanismos da evolução e
aplicarem os recursos de que são portadores, o que nem sempre
acontece de maneira favorável aos que o alcançam.

Sob outro aspecto, pode ser o mundo espiritual onde se
inicia a experiência evolutiva e se dispõe de recursos inapreciados para serem desenvolvidos mediante os esforços empregados,


ocorrendo que, nas primeiras tentativas, o olvido momentâneo da
responsabilidade e os demônios internos que são sustentados pelas
paixões primevas, estimulam o desperdício dos bens preciosos.

saúde, pureza de sentimentos, alegria espontânea constituem
tesouros de alta valia, que devem ser preservados, a qualquer


custo, da contaminação dos fatores dissolventes do novo país,
porquanto, na volta para casa eles serão de altíssima significação,
evitando os desastres emocionais e afetivos.

Analisando-se o núcleo arquetípico do ego, observa-se que
ele não se modifica de um para outro instante, desde o momento
em que ocorre a viagem ao país longínquo, predominando as


tendências ancestrais que o direcionam para os interesses imediatistas, as conveniências, sem abrir espaço ao si-mesmo que
ambiciona o infinito.

Essa consciência do ego – a superfície da psique – sofre
colisões contínuas que procedem das emoções habituais e das


aspirações de libertação, auxiliando no seu desenvolvimento,
alterando-lhe a estrutura e abrindo-lhe campo para mais amplas
ções.

Divaldo Franco I Joanna de Angelis

Os problemas afligentes, que se podem apresentar como
enfermidades de vário porte, conflitos diversos, à medida que se


dão as colisões operam despertamentos e surgem oportunidades
de mais acuradas reflexões, insights valiosos, que irão trabalhar


em favor do amadurecimento do Self, o viajante incansável da
evolução…

O animal humano sexuado, vitimado pela pulsão dominante, não lhe é escravo exclusivo, porquanto outras pulsões
apresentam-se-lhe com fortes imposições que não podem ser
desconsideradas.

Desde a pulsão da fome àquelas do idealismo mais elevado,
trabalham pela transformação das forças da libido em satisfações
outras também plenificadoras que impulsionam para a saúde e
o bem-estar.

A pulsão do Filho Pródigo entregando-se ao sexo desvairado, na fase da deserção da casa paterna

– o santuário do
equilíbrio, o Eden da inocência – empurrou-o para o abismo do
conflito e da culpa, do sofrimento e da amargura, descobrindo


que o desejo sexual por mais acentuado, quase sempre ao ser
atendido não oferece a compensação esperada, o que produz
frustração e ansiedade.

A ansiedade induz ao desespero, e a perda do discernimento trabalha em favor dos transtornos de conduta que se
podem agravar.

Raramente, nessa conjuntura, o ego desperta para perceber-se equivocado e induzir a volta para casa.

No conceito de que o ego é o centro da consciência, devem
ser trabalhadas todas as suas manifestações, de modo a valorizar

os bens de que dispõe, não os desperdiçando com as meretrizes
nem os companheiros de orgia, esses elfos que permanecem
como realidades arquetípicas no inconsciente, conduzindo-o na
repetição das experiências malogradas.

Joanna de Angelis – Em Busca da Verdade

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