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Padre Incorpora Espíritos Durante a Missa.

Padre Incorpora

Você já sentiu que estava sendo observado, mas, quando se virou para ver quem era, ninguém estava lá?

Padre Incorpora “Espíritos” Durante a Missa.

Decidir trabalhar ou não essa habilidade aparentemente inerente ao ser humano é uma escolha

 

— e os caminhos, não necessariamente, precisam passar por alguma religião.

Adriana Noviski, autora do recém-lançado Na sala ao lado

— Os mundos invisíveis e seus segredos

(Editora Évora),

é um dos exemplos de como a busca por informação é capaz de mudar paradigmas

Padre Incorpora Espíritos — e o modo como se encara a vida.

A vivência e o trabalho voluntário posterior às aulas a inspiraram a contar as histórias que viu, por meio da personagem fictícia Amanda.

A mediunidade é conseguir ver algo a mais.

” Sonhos premonitórios, vultos e mesmo percepções que vinham como flashes sobre problemas de pessoas próximas foram, segundo Noviski, o ponto de partida para que ela procurasse se aprofundar no tema.

Um dos fundadores do Programa de Saúde e Espiritualidade do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP) e professor titular do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Alexander Moreira Almeida explica que, para fins de estudo, a mediunidade é definida como “uma experiência em que um indivíduo alega estar em comunicação com ou sob a influência de uma pessoa falecida ou de um outro ser não material”.

Zuleika de Souza/CB/D.A PressDepois de sofrer com problemas de saúde e “crises de loucura”, Maria Liosmira encontrou a cura em um terreiro.

O tema, inclusive, é familiar a todos nós

— uma vez que está presente na base de grande parte das religiões.

Como exemplos, Almeida cita Moisés e os profetas recebendo mensagens de Deus e dos anjos, Maomé recebendo mensagens do anjo Gabriel na composição do Corão, os oráculos gregos, os dons do Espírito Santo nas comunidades cristãs primitivas, bem como entre os católicos carismáticos e protestantes pentecostais.

“Deve-se destacar que, especialmente no Brasil, nossas origens indígenas e africanas estão também fortemente permeadas por crenças e vivências ligadas à mediunidade”,

completa.

Houve um grande interesse no tema na transição dos séculos 19 e 20 e,recentemente, houve uma retomada do interesse.

Entre as principais hipóteses, estão fraude, doença mental, manifestações do inconsciente do médium, percepção extrassensorial

(telepatia e clarividência)

 

e sobrevivência da consciência/personalidade depois da morte corporal.

Os pesquisadores chegaram à conclusão de que

“regiões e sistemas cerebrais mediam os diferentes aspectos da experiência religiosa”,

descartando, assim, a teoria ponto de Deus

— que postulava um local no cérebro como responsável pela experiência com o divino.

Os estudos sugeriram ainda que há uma maior atividade do córtex frontal e pré-frontal

(áreas responsáveis pela motricidade voluntária)

durante experiências religiosas.

Outros achados incluem

“um aumento da atividade nas redes atencionais relacionadas ao pensamento reflexivo durante tais experiências”.

Os lobos frontal e parietal, segundo alguns levantamentos, são as áreas do cérebro correlacionadas com elementos psicológicos e cognitivos específicos dessas vivências.

Contudo, os estudos demonstram curiosidade em saber o que se passa no cérebro de um médium incorporado, apesar de as pesquisas sobre o assunto ainda serem esparsas.

“Em linhas gerais, os resultados demonstram que as experiências espirituais como a mediunidade não estão ligadas a apenas uma região, mas a um complexo padrão de ativação de diversas áreas cerebrais”,

afirma Alexander Moreira Almeida.

Com o psicólogo Julio Peres e Andrew Newberg, neurocientista norte-americano pioneiro no estudo neurológico de experiências religiosas e espirituais

(conhecido como neuroteologia),

Almeida participou de uma pesquisa que buscou descobrir as diferenças de funcionamento do cérebro de médiuns quando eles psicografavam em relação a quando escreviam um texto fora do estado de transe.

“Apesar disso, entre os médiuns mais experientes, ao contrário do que seria esperado, durante a psicografia, houve menor ativação de várias áreas cerebrais ligadas à construção do discurso e ao pensamento mais elaborado.”

investigação neurocientífica de experiências espirituais abrange, ainda, a própria saúde mental dos médiuns, uma vez que pode existir a possibilidade de essa faculdade ser, na realidade, causa ou consequência de doenças mentais.

Para os médiuns, uma boa notícia: de acordo com o psiquiatra, estudos recentes indicam que eles

“possuem boa saúde mental e que essas experiências podem estar associadas a bons níveis de ajustamento social”.

Maria Liosmira Rodrigues dos Santos, 49 anos, passou por várias consultas até descobrir a razão pela qual acordava, sem explicação aparente, em qualquer lugar, menos na própria cama.

Se a saúde não está bem, não é somente o corpo que reclama: para Maria Liosmira, a mediunidade também se manifesta nessas ocasiões, seja com dores nas pernas, seja com fobias e dores de cabeça inexplicáveis, como no caso dela.

No espiritismo

De acordo com O Livro dos médiuns, de Allan Kardec, há oito principais tipos de médiuns:

  • Médiuns de efeitos físicos: aptos a produzir fenômenos materiais, como os movimentos dos corpos inertes, os ruídos etc.;
  • Médiuns sensitivos ou impressionáveis: pessoas capazes de sentir a presença dos espíritos por uma vaga impressão, uma espécie de arrepio que elas mesmas não sabem o que é;
  • Médiuns audientes: são os que ouvem a voz dos espíritos (mas não necessariamente transmitem o que ouvem);
  • Médiuns falantes: nessa modalidade, os espíritos agem sobre os órgãos vocais para verbalizar mensagens. Em geral, a pessoa se exprime “sem ter consciência do que diz e quase sempre tratando de assuntos estranhos às suas preocupações habituais, fora de seus conhecimentos e mesmo do alcance de sua inteligência”;
  • Médiuns videntes: são aqueles dotados da faculdade de ver os espíritos;
  • Médiuns sonâmbulos: para os espíritas, esse fenômeno é considerado como uma variedade da faculdade mediúnica. “Muitos sonâmbulos veem perfeitamente os espíritos e os descrevem com a mesma precisão dos médiuns videntes”, segundo o livro;
  • Médiuns curadores: têm o dom de curar por simples toques, pelo olhar ou mesmo por um gesto, sem nenhuma medicação;
  • Médiuns pneumatógrafos: são aqueles com aptidão para obter a escrita direta.