Por que uma pessoa boa, que só ajudou os outros, morre tão cedo? Por que Deus permite que pessoas boas morram tão cedo?
Essa pergunta parte da premissa de que a vida na matéria melhor do que a morte… mas o que os espíritos dizem é que somos muito mais felizes fora do matéria do que dentro dela, encerrados e aprisionados num corpo material.
Então, uma morte na adolescência ou morte com vinte e poucos anos não é algo ruim, mal, ou uma punição, jamais… muito pelo contrário… é uma libertação maravilhosa para o espírito.
O Livro dos Espíritos diz que os espíritos, após a morte, consideram o corpo como uma “veste incômoda que os molestava”. Sendo assim, eles são muitos mais felizes sem um corpo do que com um corpo material…. pois são livres e podem se expressar sem os bloqueios que o corpo material impõe.
Allan Kardec criou uma metáfora muito boa para explicar esse processo: imagine que existem dois presidiários vivendo há anos numa prisão. Um deles recebe a notícia de que será libertado em breve. O outro preso não deveria ficar feliz pelo seu colega de cela que será liberto do cárcere?
Ou será que o colega deveria ficar triste pelo fato de o companheiro de cela ficar mais anos e anos aprisionado junto com ele?
Os espíritos dizem que a vida na matéria é tal como uma prisão e que o espírito anseia pela sua libertação, posto que deseja expressar-se livremente, sem os grilhões que o corpo material lhe estabelece.
As pessoas não percebem esse fato, pois já se acostumaram com a prisão do corpo, da mesma forma que o preso, após décadas na prisão, nem sente mais falta da vida lá fora, posto que já se acostumou tanto a vida na cadeia que quase nem lembra mais da vida além da prisão.
Ou como o passarinho, que está há tantos anos na gaiola, que quando a gaiola se abre, ele não quer voar livre para fora dela.
O corpo físico limita muito o espírito. Ele cria uma redução de movimento, uma redução de consciência e uma redução da sua livre expressão enquanto ser universal que é.
A vida fora da matéria é muito menos penosa ao espírito do que a vida em que ele se encontra trancado num corpo extremamente limitado. A morte é como ficar embaixo da água um tempo e depois emergir e conseguir respirar novamente.
É um grande alívio para o espírito poder ser novamente aquilo que é, sem que nele esteja presente as angústias da necessidade, as fadigas corporais e outros limites que os espíritos afirmam existir na vida material.
Portanto, acreditar que a morte é algo ruim, é uma punição, é uma injustiça, não faz sentido. O espírito é muito mais feliz livre das suas correntes… é o que afirmam aqueles que já foram ao outro plano e sentiram toda a paz, plenitude e liberdade da vida fora da matéria.
Até mesmo pessoas que viveram a chamada “Experiência de quase morte” confirmam esse fato. Se os encarnados soubessem o quanto a vida material é limitadora e opressora, eles não sofreriam tanto com a morte, abençoariam aqueles que se vão e ficariam felizes com seus parentes e amigos que se foram antes dele, pois cumpriram o que deveriam cumprir e agora aguardam a chance de um novo retorno a fim de seguirem em sua evolução rumo ao infinito.
Com tudo isso, não queremos dizer, absolutamente, que as pessoas devam dar cabo de sua vida para encontrar essa felicidade.
O suicida, além de não cumprir as provas que deveriam eleva-lo em espírito, após a morte encontra-se numa situação precária, de sofrimento, que não tem nada a ver com essa paz que os espíritos bons experimentam após a morte.
Por outro lado, as pessoas que aproveitaram sua encarnação para fazer o bem e buscar o divino certamente encontram-se num estado de paz e felicidade muito maior do que aquele que viveu apegado as coisas materiais, e quando dizemos coisas materiais não nos referimos apenas a casa, carro, dinheiro, terras etc, mas também a bens materiais invisíveis, como apego a pessoas, apego a ideias, apego a religiões, apego a ser respeitado, apego a ter uma boa imagem diante dos outros, apego a julgar os outros, apego ao certo e errado, tudo isso são também bens materiais e esse apego pode até ser pior e gerar mais sofrimento do que o apego a casa, carro, dinheiro etc.
Todos devem saber que a morte não é ruim… ruim mesmo é não aproveitar essa oportunidade sagrada que a inteligência infinita da vida concede a todos.
A morte não é desagradável, não é prejudicial, não é algo que devemos fugir… ruim mesmo é desperdiçar a dádiva da vida.
(Hugo Lapa)
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