As premonições sempre fascinaram cientistas, levando-nos a questionar a discrepância entre as capacidades expansivas do nosso subconsciente e a limitação da nossa mente consciente.
Uma pesquisa detalhada conduzida por cientistas da Universidade Northwestern dos EUA jogou luz sobre esse fenômeno, destacando como nosso subconsciente armazena conhecimento além da nossa percepção consciente.
Essa habilidade de antecipar eventos futuros, muitas vezes sem sinais externos claros, é uma característica notável do nosso corpo.
Mesmo em situações cotidianas, como um jogador de cartas que sente uma emoção intensa antes mesmo de ver os movimentos dos oponentes, nossa mente subconsciente parece agir como um oráculo com uma sutil lacuna temporal.
A autora do estudo, Julia Mossbridge, pesquisadora associada do Laboratório de Percepção Visual, Cognição e Neurociências, levanta a questão crucial:
“Os seres humanos têm a capacidade de prever eventos futuros significativos, mesmo sem qualquer pista sobre o que está por vir?”.
Esta pesquisa abrangeu estudos psicológicos datados entre 1978 e 2010 e revelou que os participantes observaram mudanças significativas em seu ritmo cardíaco, atividade cerebral e reações da pele até 10 segundos antes de experimentarem um estímulo inesperado, sem terem conhecimento prévio disso.
Essas respostas indicam que eles de alguma forma estavam antecipando esses eventos. O mais intrigante é que essas previsões ocorreram completamente independentes de estímulos externos ou pistas visíveis.
Mossbridge ilustra isso com um exemplo simples: imagine estar distraído com um videogame no trabalho, alheio à aproximação do seu chefe. No entanto, uma espécie de sintonia com o ambiente desencadeia uma sensação premonitória, levando-o a fechar rapidamente as janelas supérfluas do computador.
Ela afirma: “Nossa análise sugere que, se você estivesse mais conectado com seu corpo, poderia detectar essas mudanças iminentes entre dois e 10 segundos antes, o que lhe daria tempo para fechar o jogo e até mesmo abrir aquela planilha em que deveria estar trabalhando. Você poderia fazer tudo isso antes que seu chefe entrasse na sala”.
Essa resposta pró-ativa, denominada “atividade preemptiva anômala”, desafia as explicações convencionais da biologia, revelando nossa capacidade de prever mudanças fisiológicas futuras.
Esse fenômeno extraordinário se manifesta em todo o nosso sistema cardiovascular, nervoso e cutâneo, desafiando as teorias tradicionais. Além disso, nosso corpo demonstra notável resiliência contra doenças graves. Um estudo esclarecedor de 2008 evidenciou o poder do pensamento otimista como uma proteção valiosa.
Ronit Peled, pesquisadora da Universidade Ben Gurion de Israel, examinou um grupo de mulheres que enfrentava o desafio do câncer de mama, ao lado de outras saudáveis.
Surpreendentemente, as mulheres afetadas pelo câncer relataram sentir eventos negativos antes do diagnóstico, incluindo experiências de luto e perdas pessoais. No entanto, também emergiram sentimentos de alegria e otimismo como defensores contra a adversidade.
Embora as complexidades da interação entre os sistemas hormonal, imunológico e nervoso central na resistência a doenças permaneçam em grande parte indefinidas, os cientistas estão prontos para se aprofundar nesse intrigante território.
Este estudo esclarecedor foi publicado na renomada revista Frontiers in Perception Science.